Esquecidos do esporte: Bill

De artilheiro da Copa do Brasil ao futebol Tailandês. O que aconteceu com Bill

Rosimar Amancio, o Bill, passou pela elite do futebol brasileiro, se destacando em algumas competições. Entretanto, com o passar das temporadas, o atacante nascido em São Lourenço-MG, que em 2014 foi artilheiro da Copa do Brasil, deixou o país e há dois anos dá sequência a sua carreira na Tailândia. 

Christian Alekson / cearasc.com

O atacante começou sua jornada no futebol em sua cidade natal, no Esporte Clube São Lourenço. Tempos depois iria para o Bragantino, onde se destacou e foi contratado pelo Nanchang da China, antes de ser moda os clubes chineses contratarem os brasileiros. Quando voltou a vestir a camisa do time de Bragança Paulista, o mineiro  chamou atenção do Corinthians que o contratou para a temporada de 2009. 

Contudo, não foi no alvinegro paulistano que Bill viveu seus melhores dias. Após 18 jogos e dois gols, o atacante foi emprestado ao Coritiba. Com a camisa do Coxa, o mineiro conquistou o Campeonato Paranaense em 2010 e 2011. Além do estadual, Rosimar venceu também a Série B do Campeonato Brasileiro. Posteriormente, o jogador vestiria ainda a camisa do Santos, e novamente a do alviverde paranaense. Mas foi com um uniforme preto e branco que Bill conseguir o maior feito de sua carreira. 

Em 2014, o Ceará acolheu o mineiro em terras nordestinas e mostrou-lhe ao Brasil. Infelizmente, a campanha do Vozão na Copa do Brasil acabou precocemente nas oitavas de final. Contudo, Bill conseguiu empatar na artilharia com Léo Gamalho e Gabigol, com seis gols cada. Dois anos depois, de volta ao alvinegro, Bill novamente foi artilheiro, desta vez da Série B do Campeonato Brasileiro. Entretanto, nem os 15 gols do atacante foram suficientes para levar o Vozão ao acesso. 

No ano seguinte, em 2017, o atacante mineiro fez parte do elenco do América-MG que se sagrou campeão da Segunda Divisão do Brasileirão. Mas dessa vez, Bill não foi protagonista na equipe que alcançou o acesso.

Em 2018, Rosimar chegou à Tailândia, onde permanece até o momento. Atualmente, o atacante defende o Chiangrai United, campeão da Thai League 1 em 2019. 

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Quando o Dinizismo era aplicado em Jundiaí

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Quando o Dinizismo era aplicado em Jundiaí

Nos últimos meses o Dinizismo entrou na moda com as boas atuações do São Paulo no Campeonato Paulista. O futebol ofensivo comandado por Fernando Diniz começou a dar resultados claros, calando a boca dos críticos. Mas o estilo doutrinador do ex-meia não começou em 2020. O prelúdio da filosofia do treinador ocorreu em Votorantim, no interior de São Paulo. Mas o que será mostrado aqui é sobre seu segundo trabalho, no Paulista de Jundiaí. 

Divulgação/ Esporte Jundiaí

Aos 34 anos, após vestir as camisas de Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Palmeiras e Santos, Diniz resolveu se entregar ao mundo das táticas. Em 2009, o mineiro assumiu o comando do Votoraty que disputou a Série A3 do Campeonato Paulista naquele ano.  E já em seu primeiro trabalho, o Dinizismo deu resultados.

O Tigre de Concreto, fundado em 2005, foi campeão da terceira divisão paulista e também da Copa Paulista. Com Alex Muralha no gol, o time do interior de São Paulo protagonizou quatro remontadas na Fase Final da competição até erguer o troféu. Na grande final da Copa Paulista de 2009, Fernando Diniz encontrou a equipe que lhe abrigaria no ano seguinte. Contra o Paulista, o time comandado pelo Sete-Lagoano perdeu o jogo da ida, mas goleou por 5 a 1 na volta.

Em 2010, o Galo da Japi contratou Diniz para comandar a equipe em um ano que ficaria marcado na memória dos torcedores por um tempo. Aquele time do Paulista contava com dois goleiros que no futuro fariam sucesso. Vagner, que agarrou um pênalti contra o Santos na final do Campeonato Paulista de 2014, dando o título ao Ituano, e Felipe Alves, goleiro de confiança de Rogério Ceni no Fortaleza.

Enfim, vamos falar do que nos interessa, a Copa Paulista de 2010. Naquele ano, o time de Jundiaí encerrou a primeira fase na primeira colocação, e na segunda nas duas seguintes. Pela fase final, o time comandado por Fernando Diniz passou por Audax e Velo Clube, marcando dez gols em quatro jogos. Na grande final, o Comercial de Ribeirão Preto foi o oponente a ser vencido. O Galo da Japi venceu o jogo da ida por 2 a 0, e na volta, assegurou o título, mesmo com a derrota por 2 a 1 fora de casa. 

Após a conquista, o Paulista ficaria quase uma década sem levantar um caneco. Apenas em 2019, dessa vez sem a ajuda do Dinizismo, o Galo do Japi conseguiu o título da Segunda Divisão do Campeonato Paulista. Após dois empates com o Marília, a equipe de Jundiaí levou a melhor por causa do critério do gol fora de casa. 

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 Oséas: Do Maranhão para Minas Gerais, do Uberlândia para a Seleção Brasileira

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Oséas: Do Maranhão para Minas Gerais, do Uberlândia para a Seleção Brasileira

Não, não vamos falar aqui do gol contra do atacante contra o Corinthians nem do título da Copa do Brasil com a camisa do Cruzeiro. Muito menos de suas conquistas com a camisa do Palmeiras. O que nos interessa são os primórdios da carreira de Oséas, que em 1995 defendeu o Maruinense e depois de passar pelo Uberlândia, onde marcou um gol em cima um grande ídolo da história do futebol, chegou a vestir a camisa da Seleção Brasileira.  

Reprodução/UOL

Após cinco anos defendendo as cores do Galícia, de Salvador, o baiano despertou interesse de espanhóis durante uma série de amistosos feitos por lá. Mas o destino do brasileiro não era nem o Barcelona nem o Real Madrid. O atacante entrou no futebol europeu para vestir a camisa do time juvenil do Ponteareas, da terceira divisão. Oséas viveu momentos difíceis e chegou até a limpar o estádio para poder complementar sua renda. 

Ao voltar da Europa, com certeza o ídolo do Athletico Paranaense iria figurar nas grandes equipes do Brasil, correto? Ainda não, o soteropolitano passaria por mais algumas equipes do interior dos estados do Brasil. Este é o ponto que nos interessa. Após algumas partidas em que se destacou pelo Maruinense, Oséas chamou atenção do Uberlândia Esporte Clube. 

Sendo assim, em 1995, o baiano vestiu a camisa do alviverde do triângulo mineiro que o lançou para o Brasil. Na quinta rodada do Campeonato Mineiro daquele ano, o atacante deixou sua marca no Mineirão. Oséas recebeu a bola na entrada da área, perseguido por dois defensores e deslocou Taffarel para fazer o primeiro gol do Uberlândia. Mas mesmo com o gol do baiano, o alviverde ainda foi derrotado por 2 a 1. 

Além do gol em pleno Mineirão, o atacante ainda fez mais seis no Campeonato Mineiro daquele ano, deixando sua marca contra Cruzeiro e América. Assim, despertou o interesse do Atlhetico Paranaense, onde conquistou a Série B do Campeonato Brasileiro naquele ano. Em 1996, aproximadamente um ano e meio depois de fazer sua história no Uberlândia, o soteropolitano seria convocado para a seleção Brasileira. Tempos depois, Oséas ainda vestiria a camisa do Palmeiras, onde fez história , conquistando em dois anos, a Libertadores da América, a Copa Mercosul e a Copa do Brasil. 

Cinco anos mais tarde o atacante voltaria à Minas Gerais, mas desta vez para defender o Cruzeiro. No caso de Oséas foi muito mais atacar do que defender, já que o atacante fez mais de 40 gols com a camisa do Cabuloso, além de conquistar mais uma Copa do Brasil.

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AF ENTREVISTA #01 - Eduardo Luersen

Quadro de entrevistas do Alterna Fut está de volta em 2020! O primeiro entrevistado é o gaúcho Eduardo Luersen, que atualmente comanda o sub-20 da Desportiva Ferroviária (ES) e é preparador físico do profissional da equipe. 

Por: AlternaFut

Natural de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Eduardo Luersen começou sua carreira como preparador físico do sub-20 no Grêmio Esportivo Sapucaiense no ano 2000. Passando posteriormente por clubes do estado de SP e RS, se destacou em Minas Gerais, mais precisamente como auxiliar técnico no Figueirense Esporte Clube de São João del-Rei em 2015, época em que o clube fez uma excelente campanha na Segunda Divisão do Mineiro quando chegou no hexagonal final.

No ano seguinte assumiu a missão de ser auxiliar no Valério Clube, de Itabira, onde o clube também se classificou para a fase final do estadual. 

Seu trabalho e visão de jogo chamou a atenção do Aymorés, de Ubá, que em 2017 o contratou para comandar a equipe sub-20. Tiro certeiro: o time da zona da mata mineira venceu a Copa Alterosa sub-20 e Eduardo Luersen foi o melhor treinador da competição.

Em 2018, o gaúcho permaneceu no comando da equipe que fez parceria com o Ponte Nova F.C para a disputa do Campeonato Mineiro Sub-20. A campanha na competição foi tímida: uma vitória e três empates. Porém, o treinador conseguiu a atenção após segurar a forte equipe do Atlético Mineiro em Ubá, por 0 x 0 e arrancou elogios do auxiliar técnico do galo mineiro. 

No último ano, Luersen se aventurou em uma volta a São João del-Rei, novamente como auxiliar técnico do Figueirense, mas o time não obteve o mesmo sucesso de 2015 e caiu logo na primeira fase da competição.

Em 2020, Eduardo Luersen foi convidado para assumir o cargo de treinador sub-20 da Desportiva Ferroviária, mas a competição ainda não iniciou e não há previsão para os jogos começarem, devido a pandemia do Covid-19.

Confira a entrevista de Eduardo Luersen, para o Alterna Fut!

Prof Eduardo Luersen - Treinador sub-20 Desportiva Ferroviária 

(Imagem/Reprodução TX Ag. Esportiva)

ALTERNA: Quando foi que você decidiu que gostaria de trabalhar com futebol?

Eduardo Luersen: Sempre gostei de esportes e fui incentivado por ótimos professores de educação física na escola; no Ensino Médio decidi que seguiria essa carreira na universidade.

Nos anos 2000, com 23 anos de idade, assumi a preparação física de uma equipe sub21 e vencemos a Copa Sul Sub 21, subindo para a primeira divisão do Campeonato Gaúcho. Foi uma ótima experiência.

Desde então, vislumbrei, no futebol, minha carreira profissional.

AF: Em qual função se sente mais confortável, preparador físico ou treinador?

Luersen: Hoje prefiro atuar como treinador, mas a experiência que a preparação física me deu está sendo muito importante para a gestão de grupo, pro entendimento das necessidades dos atletas dentro do campo e pra montagem de Comissão Técnica qualificada, digo, ter conhecimento das inúmeras nuances do futebol ajuda muito nos debates e montagem dos trabalhos de preparação de equipe.

AF: Considera muito complicado exercer duas funções ao mesmo tempo e em elencos diferentes?

Luersen:  Cheguei à Desportiva Ferroviária em janeiro para atuar no Sub20, e logo me pediram para assumir a preparação física da equipe profissional faltando uma semana para a estreia no Estadual 2020. Como havia tempo suficiente para organizar com calma as questões extra campo do Sub20 e não sou de negar trabalho, acabei assumindo. Iniciamos o trabalho conjunto na semana que explodiu a crise do Covid-19, então foram apenas 3 dias de trabalho nas duas categorias, mas até então estava tranquilo, pois houve planejamento e conciliação de horários para atuar nas duas frentes.

AF: Tendo uma vasta experiência e rodado por estados diferentes, qual o mais difícil de “fazer futebol” e quais os motivos?

Luersen:  Cada estado tem sua particularidade, mas o futebol é global. Em São Paulo, por exemplo, a maioria dos times tem poder de investimento e levam as equipes a um nível alto de competição; Minas Gerais, com sua grande dimensao territorial, torna o trabalho desgastante, pois se viaja muito; o Rio Grande do Sul tem um futebol de muita força física, o que interfere na montagem do elenco e pode fazer  muita diferença se fugir do padrão de atletas com essa característica. O futebol é difícil em todos os lugares e cabe a nós, profissionais, estarmos sempre atualizados e prontos para qualquer situação.

AF: Para um gaúcho, é difícil ter que lidar com culturas tão diferentes da sua original, como a de Minas, São Paulo e Espirito Santo?

Luersen:  Essa é a melhor parte de trabalhar com o futebol - poder conhecer, experimentar e vivenciar outras culturas. Isso me enriquece demais e desfaz ou reafirma mitos e falácias populares.

Cada particularidade que descubro sobre o lugar onde estou me ajuda a entender também o pensamento e a forma de fazer futebol. Então, estar inserido na cultura local ajuda meu trabalho.

AF: Com experiências em equipes de menor expressão nacional e com baixo investimento, em sua visão, é possível que apenas com trabalho tático, técnico e físico vejamos equipes “pequenas” surpreendendo grandes novamente, visto que cada dia mais o futebol se pauta no dinheiro?

Luersen: Acredito no trabalho, independentemente do valor que um clube tem pra investir. Os requisitos básicos têm que ser oferecidos, como salário em dia, boas condições de moradia e alimentação para os atletas e equipe técnica capacitada.

É claro que ter dinheiro faz muita diferença, mas se não houver pessoas sérias, comprometidas e conhecedoras do futebol, o dinheiro acaba e os resultados não chegam.

AF: Você, como preparador físico, enxerga muita distância da capacidade física dos atletas de clubes tradicionais de primeira divisão para os do interior?

Luersen:  Acho que a grande diferença está no controle das cargas de treino e recuperação. Grandes clubes utilizam aparatos tecnológicos de ponta para monitorar seus atletas - GPS, mapa de calor, drone, lactímetro, marcadores tumorais, suplementação e alimentação adequada. Dessa forma é mais fácil saber o real condicionamento, nível de cansaço e recuperação dos atletas. Além disso, há equipes multidisciplinares, formadas por fisiologistas, preparadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas, médicos e afins à disposição, quase sempre em tempo integral, do clube.

Por outro lado, os preparadores físicos de equipes menores fazem mágica, pois trabalham com escassos recursos, quase sempre sozinhos-quando muito, com um estagiário, muitas das vezes o feedback é dado pelo próprio atleta através de escalas de nível de cansaço e recuperação, e mesmo assim esses profissionais minimizam lesões e fazem com que seu time tenha bom desempenho físico no decorrer dos campeonatos.

AF: Qual é a maior diferença no trabalho feito com jovens e profissionais?

Luersen:  Hoje em dia existe pouca diferença, visto que a maturação dos atletas jovens ocorre bem cedo. O que ainda percebo, especialmente no futebol do interior e sem grandes cifras, é que o atleta que chega ao nivel profissional carrega falhas técnicas e tem dificuldade na adaptação tática.

Grande parte dos clubes trabalha as categorias de base apenas com o calendário das competições oficiais, o que gera um dilema, pois se a competição for muito curta, não dá tempo para desenvolver  efetivo trabalho de formação, e, se for muito longa não há dinheiro suficiente para a manutenção da base.

AF: Em 2017, comandando o Aymorés de Ubá, você foi campeão da Copa Alterosa Sub-20 em cima do Núcleo Esportivo de São João Nepomuceno, com direito a goleada de 4 x 1. Poucos meses antes, quando comandava o Social de São João del-Rei, havia sido eliminado pelo mesmo Núcleo, também treinado pelo ex-atleta Marco Aurélio Ayupe, na Copa Alterosa Amador. Foi um alívio ter ganhado aquele jogo depois de perder por 1 x 0 a primeira partida da final?

Luersen: São as coincidências do futebol. Com o Social, perdemos a semi-final em São João Nepomuceno e isso me motivou a estudar mais o trabalho do Ayupe e a maneira que ele atuava dentro de seus domínios.

Com o Aymorés, chegamos à final do Sub20 já sabendo da dificuldade de jogar no campo deles. Sofremos uma derrota por 1 x 0, e notei que o desempenho do meu time tinha sido menor do que poderia e que já havia rendido durante a competição. Falei pro grupo de atletas que precisaríamos trabalhar muito durante a semana para reverter o resultado, e eles compraram a idéia e se dedicaram como poucas vezes vi “meninos” fazerem.  O resultado foi o título e a linda lembrança de superação e vontade que está guardada no meu coração. Foi um jogo emblemático, pois o que trabalhamos de neutralização dos pontos fortes da equipe deles e de entendimento de onde poderíamos atacar e ganhar o jogo deu resultado, e, mais que o placar dilatado, esse espírito de superação e união me deixaram feliz e orgulhoso de todos que participaram daquela campanha.

AF: Em 2018 após segurar o empate em 0 x 0 contra o Atlético-MG no Mineiro Sub-20, em Ubá, o auxiliar técnico do Galo, Eugênio Salomão rasgou elogios ao seu trabalho e postura de jogo de seu time. Como foi aquele jogo? Desde a preparação até o fim da partida.

Luersen: Buscamos informações sobre a maneira do Atlético jogar e conseguimos alguns vídeos de jogos deles. Trabalhamos a parte defensiva para bloquear as principais jogadas de criação deles e isso os deixou bastante irritados e impacientes. Esse desequilíbrio emocional deles foi muito vantajoso pro meu grupo, porque eles não conseguiam avançar para o nosso campo. Nossa aplicação tática foi fator imprescindível pro ótimo desempenho e decisivo pro resultado do nosso time. Até tivemos oportunidades de ganhar o jogo no segundo tempo, mas o empate foi saudado.

AF: No último ano, você se aventurou em uma volta à São João del-Rei para ser auxiliar técnico no Figueirense. Mas aquilo foi um pesadelo e o time caiu na lanterna da fase de grupos, com apenas uma vitória na competição. O que deu errado? 

Luersen: Houve boa vontade e grande expectativa para disputar mais uma vez o Campeonato Mineiro, entretanto, acho que a grande diferença de 2015 para 2019 foi o planejamento e a organização.

Os trabalhos em 2015 iniciaram-se com bastante antecedência. Houve mais tempo para captação de recursos, montagem do elenco e preparação dentro do campo, o que permitiu um bom resultado da equipe. Não contamos com essa preparação antecipada em 2019. Ainda assim aprendi muito nessa segunda passagem pelo Figueirense e desejo que quando voltarem ao cenário profissional, essa experiência sirva de aprendizado, crescimento e aperfeiçoamento.

AF: Conte um pouco sobre o trabalho desenvolvido na Desportiva Ferroviária: após a peneira do sub-20, uma pausa forçada devido ao Covid-19.  O quanto essa indefinição atrapalha os planos e o projeto do clube?

Luersen: A Desportiva está iniciando um processo de renovação das categorias de base. Uma cartilha de valores e de modelo de jogo está sendo formulada para, gradualmente, ser implementada dede a Escolinha até o Sub20.

Em curto prazo isso será visto no modelo de gestão e maneira de atuar do Sub20, e, aos poucos, chegará também às outras categorias.

Intentamos formar um DNA do clube, que seja indicativo de qualidade e excelência na formação de atletas para abastecer a equipe profissional da Tiva ou mesmo para serem negociados com outros clubes,  com alto valor de mercado, haja vista a grande qualidade do atleta.

AF: Qual foi o jogo mais difícil que você já teve até hoje?

Luersen: Considero que foi o jogo da Segunda Divisão do Mineiro de 2016, entre Valeriodoce de Itabira e Clube Atlético Patrocinense, de Patrocínio. Eu era auxiliar técnico no Valério e já haviam passado 38 minutos do segundo tempo e nos perdíamos por 2x0. Nosso goleiro já havia defendido um pênalti e o jogo estava totalmente desfavorável pra nós: calor intenso,  gramado alto, longa distância percorrida, jogo fora de casa.

Entretanto, numa reviravolta impressionante, aos 39, 41 e 44 minutos do segundo tempo viramos o jogo que ainda teve 7 minutos de acréscimo. Carga emocional altíssima, virada em poucos minutos, ganhou ares e tom de  jogo épico.

AF: Qual seu maior sonho como treinador?

Luersen: Ainda tenho o desejo de trabalhar em um clube de grande expressão. Me considero novo e tenho força e determinação para trabalhar arduamente até alcançar essa posição.

Também criei uma rede de relacionamentos maravilhosa. Alguns desse contatos, que inclusive já trabalharam em outras equipes comigo, estão mais uma vez formando uma parceria, agora na Desportiva, pra levarmos futebol de alto nível, com profissionais altamente capacitados e comprometidos, com muita responsabilidade e, principalmente, com muita vontade pra galgarmos patamares elevados nesse apaixonante mundo da bola.

Entrevista publicada em 23/03/2020

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Dios, magia subversiva.

Guilherme Freire Azevedo

Fora do Eixo FC

30 de outubro de 1960. Nesse dia, em Villa Fiorito, Deus presenteava a Argentina. nascia Diego Armando Maradona Franco, figura emblemática do país sul-americano e indiscutivelmente um dos maiores da história do futebol. Filho de operário, o pequeno Diego teve uma infância humilde, mas rica de futebol, assim, estreando precocemente, aos 15 anos, pelo Argentinos Juniors.

Diego Armando Maradona - Dios

Um texto sobre Maradona que descreva apenas seus fatos e números dentro de campo não mostram de fato o seu tamanho e representatividade. Pra falar sobre, tem que ter gana, emoção e magia. “El pibe de oro” tem ares divinos com toda sua acidez paradoxal e marcante.

Em 1979, Dieguito foi campeão mundial sub-20 vestindo a camiseta nacional e em 1986 coloriu o mundo de azul e branco, de forma genial, magistral e histórica.
Maradona foi chamado de Deus.

Em um ponto comparativo, o eterno 10, carrega desde então a alcunha de “Dios” e Pelé -ídolo brasileiro- é chamado de Rei. Porém, em uma realidade sociopolítica, Maradona abandonaria sua “divindade” e assumiria a posição de opositor ao rei, fazendo jus ao seu histórico de luta contra
a desigualdade social que o argentino já marcou em sua pele.

“El diez” é político, nota “diez” ideologicamente e nunca deixou essa militância fora das quatro linhas, ou sua atuação antológica contra a Inglaterra de Tatcher não acalentou o coração de milhões de argentinos de forma nacionalista e na luta pela justiça? Diego, em campo, driblou toda a nação inglesa. Teve ajuda divina e melhor, incorporou em suas mãos. Dieguito tem “La mano de dios”.

Assim, tão comumente chamado de Deus, Maradona de fato virou. Não, não se trata de metáforas. Desde 1998 a ideia da Igreja Maradoniana atrai cerca de 60 mil fiéis e glorifica o argentino por toda sua representatividade. Os seguidores o reverenciam por fazer o povo argentino voltar a sorrir após uma ditadura sanguinária, Guerra das Malvinas, crises econômicas e políticas. Diego Armando está marcado na mente de todo argentino que o viu ou ouviu: representa felicidade, luta e orgulho. No entanto, é inegável que a história “rioplatense” tem em suas linhas a figura do gigante de 1,65 de altura.

Maradona é “La mano de dios”, é “huevo y gana” e anti-imperialista. Carrega em sua camiseta o alento e o histórico “xeneize” e não o “millonario”, carrega a luta catalã -com direito a título da Copa do Rei em cima do time real- e na Itália, pelo sul pobre, incomodou o rico e tradicional norte. Diego Armando Maradona age divinamente, carregou luta e amor nas suas chuteiras, jogou com os punhos cerrados e até hoje os mantém intacto.

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Athletic bate Serranense e volta ao G4 no Módulo II

Única equipe com 100% de aproveitamento dentro de casa, o Esquadrão de Aço chegou a terceira posição.

Por Eduardo Statuti

O Athletic recebeu o Serranense no último sábado (14) pela sexta rodada do Módulo II do Campeonato Mineiro. E após duas derrotas de virada, a equipe comandada por Gustavo Brancão voltou a mostrar do que é capaz e venceu sem muitas dificuldades no Joaquim Portugal. 

Contra Pouso Alegre e Tupi, o time são-joanense não deixou de mostrar seu bom futebol em campo. Entretanto, alguns vacilos fizeram com que a equipe perdesse seis pontos e saísse do G-4. Mas nada como um partida em casa, com arquibancadas cheias para trazer os bons ares de volta. Contudo, as arquibancadas estavam vazias no sábado. 

Crise no Esquadrão? De maneira nenhuma. O público foi impedido de entrar no estádio devido a medidas cautelares contra o Coronavírus estipuladas pela FMF. 

Em campo, os fanáticos torcedores que se desdobraram para conseguir ver a partida não se decepcionaram. Como é de costume, o Athletic mostrou bom futebol, para frente e ofensivo. Sofreu alguns sustos, mas nada que impedisse o Esquadrão de vencer com tranquilidade: Michael Paulista marcou os dois gols e o goleiro Jefferson defendeu um pênalti colocando o alvinegro novamente no G-4.

Jogadores comemoram a vitória ao fim do jogo.

 (Foto: Guilherme Guerra/Alterna Fut)

Primeiro tempo quente no Joaquim Portugal

A partida começou pegada, com muitas faltas nos minutos iniciais. Gustavo Brancão realizou algumas mudanças na equipe que iniciou a partida. O Esquadrão entrou em campo com dois volantes (Silvano e Arilson). Entretanto, a mudança não fez a equipe se recuar ou jogar defensivamente. Desde o início do jogo o Athletic se impôs no campo ofensivo. E no começo do primeiro tempo, assustou o goleiro Thulio. Michael Paulista recebeu na entrada da área e chutou a média altura para uma defesa um pouco estranha que assustou os visitantes. 

Pouco tempo depois veio a resposta da equipe de Nova Serrana. O lateral Felipe lançou Francisco no lado direito. Entretanto, o camisa 10 demorou um pouco para concluir sua jogada, o que permitiu que a defesa dos mandantes se recompusesse. Quando bateu no gol, o chute não saiu muito bom e foi facilmente defendido por Jefferson.

Os donos da casa permitiram algumas boas infiltrações do adversários na etapa inicial, mas pouco tempo depois o Esquadrão abriu o placar. Ingro recebeu na direita e cruzou para Michael Paulista. Livre na área, o camisa 11 cabeceou forte no canto esquerdo do gol. Thulio até tentou defender, mas o cabeceio saiu muito forte e a bola foi abraçada pelas redes. 

Aos 25 minutos, Silvano assustou a torcida alvinegra. O camisa 5 sentiu muito a perna e ficou caído no gramado enquanto Arilson e Francisco se desentendiam do outro lado do campo. Para o volante a situação melhorou, mas arbitragem e comissão técnica do Serranense se desentenderam momentos depois na parada técnica. Os visitantes reclamaram muito de um suposto impedimento mal marcado que teria os prejudicado. Posteriormente, o preparador de goleiros Alex De Jesus foi expulso por reclamação acintosa.

Após o ocorrido, o jogo não teve muitas movimentações perigosas e os donos da casa levaram o 1 a 0 para os vestiários.

Michael Paulista marca novamente e Jefferson brilha no segundo tempo

Na segunda etapa, o Athletic não deixou o Serranense sonhar com o empate. Logo aos nove minutos, MIchael Paulista recebeu na entrada da área e chutou com o pé esquerdo. A bola caprichosamente tomou a direção do ângulo, aumentando a vantagem do Athletic.

Michael Paulista marcou os dois gols da partida e deu a vitória para o Athletic.

(Foto: Guilherme Guerra/Alterna Fut)

Posteriormente, o treinador Gerson Evaristo fez algumas alterações para tentar diminuir o prejuízo. Uma delas foi a entrada do meia Vinícius Menezes no lugar do zagueiro Citta Jr. 

Aos 33 minutos, a pressão dos visitantes chegou ao seu ápice. Everton tentou marcar um gol de bicicleta e em um lance polêmico, Hieger Cardoso assinalou a penalidade máxima. O árbitro entendeu que a bola havia tocado no braço do zagueiro Davy, que reclamou muito da decisão. Posta a bola na marca da cal, Thiago Henrique chamou a responsabilidade, foi para a cobrança e bateu forte no canto direito. Jefferson, de 1,92 metros acertou o canto o fez uma defesa abençoada para garantir o resultado para o Athletic. 

Após o pênalti, o time visitante não conseguiu manter a intensidade e alguns atletas até se desentenderam. Deste modo, o Esquadrão de Aço saiu com a vitória por 2 a 0, chegando a terceira colocação, enquanto o Serranense permaneceu na 9ª posição, correndo risco de ser ultrapassado pelo Betim ainda nessa rodada. 

Totalmente focados na vitória

Nas duas últimas rodadas antes do jogo contra o Serranense o Athletic sofreu duas derrotas muito doloridas. Contra Pouso Alegre e Tupi, a equipe comandada por Gustavo Brancão esteve a frente no placar mas permitiu as viradas. O treinador do Esquadrão afirmou estar satisfeito com o que viu no sábado e que “No futebol tem que estar concentrado durante os 90 minutos e foi uma coisa que eu cobrei dos atletas. Nós não poderíamos perder pontos como perdemos nos últimos jogos. Mas hoje tivemos uma equipe comprometida, sabíamos das dificuldades que teríamos no jogo e conseguimos manter a atenção durante todo o jogo”.

O zagueiro Davy ressaltou a força do grupo todo, e pareceu empolgado com a postura da equipe durante a partida. “Esse é um grupo que tá fechado, blindado e é um grupo vencedor. A gente sabe que às vezes acontece um erro ou uma desatenção, coisa que temos que corrigir e corrigimos essa semana”, afirmou o camisa 4 do Athletic. 

Arbitragem polêmica

Infelizmente, algumas decisões da arbitragem causaram polêmica na partida. Ambos lados se sentiram prejudicados em alguns momentos. Gerson Evaristo, reclamou muito durante a partida sobre um impedimento marcado por Juliana Nascimento, que em sua opinião foi assinalado de maneira equivocada. “Ocorreu um lance no primeiro tempo que não estava impedido. Uma arbitragem muito tendenciosa. Não temos nada a fazer a não ser trabalhar. A nossa situação agora passa a ser brigar para não cair, temos que ser realistas” afirmou o treinador.

No segundo tempo, o ponto alto foi o pênalti marcado por Hieger aos 33 minutos. No momento do lance, o zagueiro Davy se mostrou muito revoltado com a marcação. “É complicado falar. Eu sou um cara muito correto e muito honesto com o que eu falo. Se a bola tivesse pego no meu braço, eu não iria reclamar tanto como reclamei. Ela pegou no meu peito! O vídeo está aí, o jogo é filmado, então ele (árbitro) vai ver depois se foi ou não foi” afirmou o zagueiro. A defesa de Jefferson teve um sabor especial para o jogador. “Olha o que aconteceu depois, o Jefinho conseguiu pegar o pênalti e a bola não entrou. Isso é mérito dele e do time que trabalhou muito. Soubemos jogar, sabíamos que seria um jogo difícil, um oponente com cinco pontos na tabela” completou o jogador do alvinegro.

Defesa abençoada

O grande personagem da partida no final do jogo contou após o jogo a história por trás da defesa do pênalti. “Eu estava em um grupo de oração na quarta-feira, e durante a adoração, numa conversa com Deus, ele me disse que eu iria pegar um pênalti naquele lado. Então eu só tenho que agradecer a Deus, o que ele faz na minha vida é fantástico” afirmou o goleiro do Esquadrão, que ainda não sofreu gols em 2020 jogando no Joaquim Portugal.

Jogo foi com portões fechados, mas os torcedores deram um jeitinho 

Devido a pandemia provocada pelo Coronavírus, a FMF (Federação Mineira de Futebol) estipulou que todos os jogos da rodada deveriam ser realizados com portões fechados. A medida tinha em vista evitar aglomerações e conter o contágio da doença. Entretanto, os torcedores alvinegros não se mostraram assustados com a doença e deixaram isso claro em um de seus cantos. Durante alguns momentos do jogo contra o Serranense, deu para ouvir os torcedores cantando do lado de fora do Joaquim Portugal os seguintes dizeres: “Coronavírus, vai se f****, o esquadrão não tem medo de morrer!”

Torcida assistiu o jogo "de camarote" em terreno próximo ao estádio.
(Foto: Guilherme Guerra/Alterna Fut)

Além da falta do apoio dentro do campo, os portões fechados prejudicaram muito mais do que apenas o espetáculo. Fábio Mineiro (Nem) agradeceu os torcedores, mas alertou para o prejuízo para os cofres do clube. “Agradeço os torcedores, muitos deles não quiseram receber o dinheiro do ingresso de volta, que sabiam da situação do clube, que precisaríamos da renda dos ingressos. Só para as pessoas entenderem, nós tomamos um prejuízo que vai de 30 a 40 mil reais, envolvendo vendas de bar e patrocínio”, disse o gerente do futebol do Athletic.

A Federação Mineira de Futebol (FMF) divulgou comunicado no último domingo (15) informando a suspensão das competições organizadas pela entidade por tempo indeterminado.

No retorno do campeonato, o Athletic viajará mais de 600 km para enfrentar o CAP em Uberlândia. Enquanto o Serranense buscará se reerguer no campeonato contra o Guarani em jogo que será realizado em Nova Serrana. 

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