por: Rodolfo Silva
O ano é 2016, Chiquito
acordou, pegou seu celular e mandou mensagem para Livinha “Bom dia, muié. Feliz
dia dos namorados”. Horas depois Livinha acordava e respondia a mensagem. Os
namorados combinam de almoçar junto na casa de Chiquito, afinal era domingo e
dia dos namorados. Para ambos era um dia muito especial, afinal estavam ainda
no primeiro ano de namoro.
Chiquito, cruzeirense
fanático, estava ansioso para o relógio bater 16h, afinal era dia de clássico e
não conseguia parar de pensar nisso. Enquanto Livinha, toda meiga, preparava um
almoço caprichado, Chiquito ouvia a Rádio Itatiaia pelo celular para entrar no
clima do jogo e bebia seu latão de Brahma que estava ‘trincando’ após ficar mais
de uma hora no congelador. Livinha ficou tão entediada com os comentários
esportivos, que pegou o fone de ouvido e foi ouvir suas músicas.
Aquele domingo já era
especial pela data comemorativa, e por ter clássico mas tinha outro ingrediente
especial: o atacante Fred. O artilheiro teve passagem marcante no início da
década pelo clube celeste (marcando mais de 50 gols) e era muito querido pela
torcida azul, Chiquito sempre que via o atacante fazer grandes jogos gritava
“Fred guerreiro volta para o Cruzeiro”.
Quis o destino que
Frederico retornasse a terra do pão de queijo naquela semana, mas não para o
clube celeste: Fred fechou contrato com o clube que vive ‘do outro lado da
lagoa’ e a partir daquele dia vestiria o manto alvinegro do Atlético, o maior
rival do clube celeste e estrearia naquele domingo, justamente contra o
Cruzeiro.
Frederico Chaves Guedes, o Fred. O Homem responsável pela discórdia no 12 de junho.
(Foto/ Maurício Paulucci)
Livinha queria sair para
aproveitar o dia dos namorados, mas Chiquito se recusava a sair, pois queria
ver o jogo. O Cruzeiro estava mal aquele ano, o time era treinado pelo
português Paulo Bento e estava na zona de rebaixamento e dois pontos atrás do
rival. Livinha não dava a mínima para isso, e, aquele dia, tão esperado pela
namorada, estava se tornando um tédio para ela: as duas horas entre o almoço e
o início da partida pareceram 20 horas.
Quando a partida começou,
Livinha respirava aliviada, sua respiração parecia comemorar que o clássico
enfim começava (Chiquito só se lembrou disso no outro dia, pois naquele dia a
mente estava em outro lugar).
O primeiro gol saiu e foi
do Atlético, a garota ria enquanto Chiquito esbravejava contra a defesa
“inaceitável esse gol de falta do Rafael Carioca” e dizia outras palavras não
muito agradáveis contra a barreira do Cruzeiro, que se abriu no momento do gol.
Mas cinco minutos depois Chiquito comemorava a jogada de Arrascaeta na linha de
fundo que resultou em gol de Alisson. A namorada antes entediada, apenas
observava a reação de seu companheiro durante o jogo, sem entender muito, mas
considerando absurdo o futebol envolver tantas emoções.
Aquele domingo se tornava cada vez mais incomum quando Riascos fez gol. Aquele mesmo atacante que havia perdido um pênalti no último minuto em 2013 contra o mesmo Atlético na libertadores, quando vestia a camisa do Tijuana, marcava o segundo gol celeste. Naquele momento Chiquito ficou incrédulo e soltou baixinho duas palavras “Nunca Critiquei”. Livinha ficou sem entender, mas começava a rir da situação.
Que dia louco! Até o Riascos marcou gol.. (Foto/ Light Press)
Quis o destino que esse
jogo fosse de muitos gols e expulsões, fazendo com que uma explosão de sentimentos
como alegria e raiva tomassem conta de Chiquito durante a partida. Enquanto isso,
Livinha contava os minutos para acabar o jogo (queria logo sair para aproveitar
o dia dos namorados). Mas o momento mais tenso do dia foi quando Frederico
marcou o gol de empate do Atlético no inicio do segundo tempo: Chiquito soltou
palavrões e deu um soco na cama onde estava sentado. Livinha nesse momento se
zangou e começou a reclamar com o namorado: “isso não é coisa que se faz, cê tá
doido?” esbravejava.
Depois de muitos momentos
tensos e reclamações, Chiquito pôde comemorar novamente quando Bruno Rodrigo,
de peixinho, pôs o clube celeste à frente do placar novamente. Livinha não
comemorou esse gol com o namorado, ainda estava brava pela reação do namorado
no momento do gol de Frederico.
Aos 48 do segundo tempo o
árbitro apitava o fim da partida: o Cruzeiro vencia o Atlético por 3 a 2, saía
da zona de rebaixamento, ultrapassava o rival e o mandava para o Z-4.
Livinha
comemorou o fim da partida como se fosse cruzeirense, mas a gente sabe que foi
porque enfim ela poderia ter seu dia dos namorados como merecia.
Tadinha da livinha
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